Diante do enfraquecimento moral do povo, surge a figura do profeta Amós, com uma mensagem tão atual que parece ter sido escrita para os nossos dias. É possível observar como o coração do homem, voltado para ele próprio, é sempre o mesmo, desrespeitando as leis éticas e morais de Deus. A atração do homem pelo pecado acaba sempre por fazê-lo cair na corrupção, tendo em vista sua incapacidade, em si mesmo, para se firmar como homem íntegro e correto. “Amós foi um dos doze profetas menores, sendo nativo de Tecoa, cidade a dez quilómetros ao sul de Belém. Era criador de gado e cultivador de sicómoros, árvore frutífera que o obrigava a viajar dentro do território de Judá e Israel, pelo que conhecia a vida social do povo.”[1]  Ao mesmo tempo em que parte da população prosperava, ocorre deterioração moral, proveniente da vida fácil.

Nesta situação, sentiu um chamado de Deus, a fim de denunciar os erros morais da nação.  O profeta se apresenta como pregador leigo, com um forte sentido de justiça muito atuante, corajoso e com muita vontade de contribuir para que a vida moral do seu povo fosse restaurada. Para o profeta Amós, Deus é criador (Am. 4.13) e aquele que sustenta a criação (4.7-8 e 9.6), controlando também o destino dos povos  (1.5).  

“O profeta viveu no tempo dos reis Uzias, de Judá, e Jeroboão II, de Israel, por volta do ano 786-746 AC. Embora seja considerado um dos profetas menores, Amós traz uma mensagem com grande apelo social.”[2] Ele foi confrontado, no seu tempo, com um período de grande prosperidade, consequência de uma boa administração dos reis de então, efeito também da localização dos dois territórios e do intenso comércio que por ali acontecia. A prosperidade material trouxe, como quase sempre acontece, a corrupção social e religiosa do povo. A vida fácil estava a enfraquecer moralmente a população de Israel, como podemos ver em Amós 2.6-8 e 5.11-12.  Com a vida de luxo, a idolatria e a corrupção moral do povo, ele chama a atenção para as consequências fatais do julgamento  que pesava sobre a nação, a perda da liberdade nacional, que veio a ocorrer mais tarde. O culto  aos deuses estrangeiros acabou por ser absorvida no de culto de Israel, a prostituição cultual, violência, maldade, perda de respeito aos valores morais da vida. No comércio, as balanças e os pesos eram viciados e os produtos adulterados como vemos em Amós 8.5-6.

A corrupção da nação onde os ricos exploravam os pobres desencadeou uma grave opressão social, que os mais abastados consideravam natural. Esse período de vida ociosa, riqueza e cansaço moral acabou por levar Israel para o cativeiro, tendo o seu povo sido levado prisioneiro pelo rei da Assíria por volta de 745-727 AC. E este foi o perigo que Amós anunciou e que a nação não quis ouvir como sendo verdade. Os resultados dos seus pecados acabaram por trazer a justiça de Deus sobre a nação pecadora. “Também o sistema religioso não aceitou ouvir as advertências de Amós e há uma forte reação desse sistema, na atitude do seu máximo responsável, de nome Amazias” (Amós 7.10)”[3]. Como consequência desta atitude, o povo foi duramente castigado e viu sua terra invadida e destruída.

O profeta Amós, como representante de Deus, enxerga a corrupção moral do povo do seu tempo e dá um brado de alerta contra esta situação, chamando a atenção para os desvios morais praticados pelo povo. Hoje percebemos que a situação não difere muito da época do profeta Amós.  A imoralidade, corrupção, tanto social como religiosa, que podem ser vistas por todos, e a palavra do apóstolo Paulo nunca pareceu tão atual, “sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.”

As palavras do profeta Amós nos servem de alerta ainda hoje, pois todas as vezes que não seguimos o conselho de Deus algum mal certamente irá nos alcançar.

 

 

Fontes:

R. CRABTREE, A. O livro de Amós. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1960.

SCHWANTES, Milton. A Terra não Pode Suportar Suas Palavras. Reflexão e estudo sobre Amós. São Paulo: Paulinas, 2004.

BOWDEN, Jalmar. Comentário ao livro de Amós. J.G.E.C. Igreja Metodista do Brasil, 1937.




[1] BOWDEN, Jalmar. Comentário ao livro de Amós. J.G.E.C. Igreja Metodista do Brasil, 1937.

[2] R. CRABTREE, A. O livro de Amós. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1960.

[3] Idem

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