toptimelinescover_1355

Já dizia minha avó, “Quem fala demais dá bom dia a cavalo”. Esse ditado é usado pra se referir a pessoas que pecam por não ficar de boca fechada e como consequências de suas falas inoportunas acabam ouvindo o que não precisam ou gostariam que lhes fosse dito. Outro ditado muito bem conhecido e utilizado nestas ocasiões diz que “Em boca fechada, não entra mosquito”, ilustrando os dissabores de ter a boca “aberta demais”.

Thalles Roberto entendeu na prática a assertividade destes dois adágios, quando, na semana passada surgiram notícias (primariamente escritas e depois, em vídeos) sobre uma conversa que o cantor afirmou ter com o Senhor. Nesta conversa, Deus, supostamente, lhe havia dito que ele estava acima da média porque estava no meio de gente fraca e que queria vê-lo ser bom “lá fora”, isto é, fora da igreja. Thalles, com seu ímpeto de humildade, conta pra todo mundo esse bate-papo gospel com o deus que ele criou e, desta forma, mostra sua verdadeira face.

O deus (não ouso usar letra maiúscula) de Thalles Roberto encheu o ego do artista pop da música gospel e rebaixou a nada todos os colegas de mercado (também não ouso usar a palavra ministério). Em outro vídeo, Thalles afirma que é o mais rico e que se juntar o dinheiro de todos talvez não alcance o que o tal deus lhe deu.

A comunidade cristã-evangélica não aprovou muito essa postura “humilde” e “cristocêntrica” do cantor e surgiram críticas duríssimas a Thalles. Vários cantores do meio gospel se posicionaram em relação à fala do colega, rechaçando e respondendo. Alguns, como Leonardo Gonçalves, optaram pela ironia das redes sociais, o que gerou uma repercussão fenomenal ao ocorrido.

Sobre toda essa história, resta-me um questionamento: quem são os culpados de toda essa arrogância, prepotência e heresia? Infelizmente, só encontro uma classe de responsáveis: nós! O evangelicalismo brasileiro precisa (ou será que sempre precisou?) de ídolos gospel que o represente, que lhe de entretenimento, que lhe faça bem ao ego. O que vemos no meio gospel, infelizmente, nada mais é que um reflexo de nós mesmos: uma geração ensimesmada, arrogante e egoísta; que preocupa-se apenas consigo mesmo e com seu sucesso, fama, glamour e grana. Apontamos o dedo e vociferamos gritos de ódio a Thalles Roberto porque enxergamos nele um monstro que nós mesmos criamos, sob dinheiro de shows e CD’s, supostamente “Cheios do Espírito Santo”. Erguemos a voz contra Thalles, mas não olhamos para nossos próprios egos e nossos próprios erros. Thalles não é nada mais, nada menos, que uma caricatura real do cristianismo evangélico brasileiro. Perdoem-me a dureza das palavras, mas a realidade delas é inegável.

Começamos falando de ditados, e terminaremos com um ditado popular dos tempos de Salomão, que ele, sob inspiração do verdadeiro Espírito registrou em Provérbios 16.18: “A soberba precede a destruição, e a altivez do espírito precede a queda.”. Há ainda uma fala de Nosso Mestre: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.” (Mt. 11.29).

Que o Senhor nos ajude – e ajude a Thalles Roberto também – a voltar a trilhar os caminhos da humildade.

 Ore: “Senhor, perdoe-me pelo pecado da arrogância e da auto exaltação. Livra-me de viver em sua prática habitual e que toda a glória seja dada a Ti. Que o Senhor, por meio do Espírito, me faça humilde, em nome de Jesus.”

Em Cristo, o Mestre da Humildade,

Eric de Moura

 

Comentar