“Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me”  (Mateus 25 : 35)

Certa vez, acompanhei os jovens da igreja numa atividade evangelística nas praças da cidade. Era inverno e eles arrecadaram agasalhos, cobertores e prepararam uma sopa para distribuir às pessoas carentes. Estávamos contentes com essa boa ação, pois poderíamos levar àquelas pessoas famintas um pouco de pão, um agasalho para aquecê-los e tinha ainda aquela deliciosa sopa. Estávamos todos ansiosos para vê los devorar o alimento e se enrolar nos cobertores, afinal, estava muito frio e pretendíamos não demorar muito nessa atividade. Contudo, uma coisa parecia estar errada, aquelas pessoas pareciam não estar interessadas na sopa ou nos cobertores e nós não entendíamos muito bem o que estava acontecendo. Foi quando, em conversa com um desses moradores de rua, ele nos disse que o que mais lhes fazia falta era ter alguém para conversar, ser notado, poder expor seus problemas e ser reconhecidos como indivíduos. Um deles disse: “gostaria de deixar de ser invisível”.

A fala daquele homem me fez refletir sobre esta questão. Talvez você, em algum momento de sua vida, tenha se sentido como ele, invisível, sem voz, estando rodeado de pessoas e ao mesmo tempo se sentindo só. Talvez se alguém tivesse notado sua tristeza, seu distanciamento e surpreendido você com um abraço e sussurrado em seu ouvido: não tenha medo, tudo vai dar certo, quem sabe aí seu coração teria se enchido de esperança e a solidão teria sido superada. Infelizmente, notamos cada vez mais pessoas vivendo seus dramas sem conseguir encontrar quem as escute, afinal, “cada um com seus problemas”.

Pesquisadores ressaltam que o isolamento físico, embora possa afetar a saúde, é menos prejudicial que o isolamento social, que está mais ligado à qualidade do que à quantidade das interações sociais. O sentimento de estar sozinho é influenciado por fatores materiais e individuais, como a genética, o ambiente familiar em que a pessoa foi criada, as influências culturais que sofreu, deficiências físicas e discrepâncias entre expectativas das relações e como elas realmente ocorrem. Somos seres sociáveis, temos a necessidade biológica de relacionamentos saudáveis para vivermos bem. Estar perto de alguém é necessário para que nos sintamos valorizados, mas o que esperamos das demais pessoas e como nos relacionamos com elas é ainda mais importante. Como igreja, somos desafiados a enfrentar esta dura realidade que está à nossa volta. Qual tem sido nossa resposta a este desafio? Ou apenas passamos de largo como na parábola do bom samaritano (Lucas 10.25-37)? Lembre-se das palavras do mestre em Mateus 25. 34-40.

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