Acaso, sou Deus apenas de perto, diz o Senhor, e não também de longe? Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que não o veja?-diz o Senhor: porventura, não acho eu os céus e a terra? diz o Senhor. (Ez. 23. 23-24)

 

Ainda era muito cedo quando Jacó saiu de casa rumo às terras de Arã-Padã. Sua saída emergencial se deu por conta de um passado conturbado e cheio do desejo de “TER.” Obviamente que o seu futuro já estava planejado por Deus, e se não fosse a intervenção divina ele não teria futuro.

 

O desejo do coração do homem é querer mais e mais e sobressair o que já está no coração de Deus.  Jacó fez aliança com sua mãe para herdar a bênção que não era dele e conseguiu. Ele queria “ter” não importava como. Tiago Alberione escreveu: “Descobrir a vontade de Deus é coisa simples e complicada, clara e obscura, dolorosa e serena, natural e maravilhosa conforme o caso. Muitas vezes a voz de Deus se faz ouvir claramente, pouco depois do uso da razão, quando há inocência e atmosfera propícia.”

 

É fácil pensar que Deus continua adubando e regando o nosso passado independente de como ele foi. Às vezes, com o propósito de justificarmos o presente. Deus vê tudo, ele vê dentro de nós, ele sabe quem fomos o que somos e o que seremos. Será que temos de nos preocupar com isto? Será que existe alguém que ainda não tenha esta certeza? Até parece que, num dado momento, Jacó pensou: “será que, ao invés de levar a bênção, não irei levar a maldição? Ao invés de ser testemunha da verdade, não serei da mentira?” Penso que foi um momento de muita tensão. Para aquele homem é melhor viver o presente sem nenhuma pendência duvidosa do passado,  porque Deus vê tudo.

Infelizmente, há muitos líderes religiosos que não desfrutam de uma verdadeira paz, porque também não conseguem se desprender de algumas páginas do passado. Davi estava vivendo momentos de horror antes de confessar o seu pecado. Veja sua declaração: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo dia. Porque a tua mão pesava sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado  e a minha iniqüidade não mais ocultei” (Salmos 32.3-5). Não obstante, os conselhos de Davi só vão servir para aqueles que têm consciência do pecado e querem se libertar deles, buscando em Cristo o perdão. Enquanto Davi confessa e reclama para Deus não se ausentar dele, não retirar dele o Espírito Santo, porque a sua alma estava triste e abatida (Salmos 51), outros estão vivendo na síndrome da normalidade. Tudo é relativo, nada mais é absoluto: quem sabe, na Igreja de Éfeso tinha pessoas vivendo nestas condições, e o Espírito Santo achou por bem orientar Paulo para escrever “Desperta ó tu que dormes, levante-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará” ( Ef.5.14).

A despeito dos fatos que as palavras deste texto referem-se particularmente, a pessoas não regeneradas que vivem nas trevas, no sono e na morte espiritual, contudo, Paulo aplica-as aqui aos crentes que correm o perigo de retornarem ao passado, voltar às práticas ilícitas, desfazendo o bem que lhes fora feito e achando que Deus não vê. Deus é Luz. Jesus é a Luz do mundo! A luz sempre terá uma influência poderosa sobre as trevas e sua função é descobrir, iluminar e conferir. Os olhos de Deus são Luz, e quem ficará fora de seu alcance? Todas as coisas estão nuas e patentes aos seus olhos. Ele é o Deus que tudo vê.

 

Pr. Jovenal Luiz Rodrigues

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