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“E, chegando-se os fariseus e os saduceus, para o tentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu.

Mas ele, respondendo, disse-lhes: Quando é chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro.

E, pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Hipócritas, sabeis discernir a face do céu, e não conheceis os sinais dos tempos?”

Mateus 16:1-3

 

Os agricultores daquela época observavam os ventos vindos do mediterrâneo e, com isso, conseguiam identificar se haveria chuva na terra. Era possível reconhecer condições propícias para o plantio e, assim, conseguiam identificar a boa colheita. De igual forma, identificavam que os ventos vindos do deserto traziam consigo a seca e a falta da chuva, assim sendo, faziam os cálculos para os dias de dificuldade. Jesus chama a atenção dos religiosos de sua época que, olhando os céus, conseguiam identificar a chegada das chuvas, mas eram incapazes de perceber os sinais da chegada do Reino de Deus que Ele próprio afirmava haver chegado (Mc 1.15). A chegada deste Reino traria mudanças importantes para a vida das pessoas; assim como os líderes daquela época não perceberam a profundidade das mudanças que estavam para ocorrer, me parece ser esta também uma dificuldade do mundo atual.

Todos os dias somos alertados pela mídia televisiva, impressa e via web sobre os sinais de que o mundo passa por mudanças importantes na economia, sociedade, religião e governos. Com certeza podemos afirmar que o mundo mudou. A vida como era vivida nas décadas de 60 e 70 deixou de existir. De uns tempos para cá a sociedade tem experimentado um processo de globalização nas mais diversas áreas. O avanço das tecnologias de comunicação tem provocado um alargamento das fronteiras; culturas e tradições até então desconhecidas passam a fazer parte do cotidiano das pessoas provocando dúvidas e medo, pois as mudanças que outrora ocorriam de forma lenta, dando às pessoas tempo para se adequarem a elas, ocorrem hoje num ritmo mais acelerado, não nos permitindo analisar quais os verdadeiros interesses por trás destas mudanças e o que, de fato, elas representam para nossa realidade.

Muitas destas mudanças trazem insegurança intelectual e afetiva na medida em que rompem as barreiras de proteção territorial e provocam a ampliação dessas fronteiras. Tudo isso influencia o comportamento das pessoas e já ouvimos falar de trânsito, pluralismo e diálogo inter-religioso, ecumenismo e cristãos não-praticantes, aborto, clonagem, enfim, coisas impensáveis em outras épocas. O que era ficção virou realidade.      

Querendo ou não, estas mudanças têm provocado profundas transformações sociais que, direta ou indiretamente, afetam a vida da igreja, nosso modelo litúrgico (tecnologias), doutrina (novos conhecimentos) e, por fim, nossa maneira de cultuar. Desde minha mocidade, quando se deu minha conversão, tenho observado pessoas incomodadas com o fato de a igreja estar mudando, no entanto, quando olhamos para a Palavra de Deus, em Daniel 2:21, está escrito: “E Ele muda os tempos e as estações; Ele remove os reis e estabelece os reis; Ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos”. O profeta Daniel apresenta Deus como a fonte destas mudanças. Deus não criou um mundo estático, mas um mundo de mudanças com estações que mudam. As pessoas mudam, não existe a mesma fauna em todos os lugares… A cada passo somos surpreendidos por este Deus criativo. Mudanças importantes irão ocorrer em nossa vida: todos nós, em algum momento, enfrentaremos algum tipo de mudança; algumas acontecem de forma natural, outras sem que possamos evitar.

Quem sabe não seja esta a oportunidade para fazermos uma análise com mais profundidade dos tempos atuais e os desafios com os quais as famílias, os jovens, os adolescentes e a igreja têm de lidar. Como embaixadores de Cristo, somos desafiados pela sociedade atual que olha para a igreja e espera respostas para sua insegurança. Como igreja, somos desafiados a nos envolvermos de forma mais profunda com as questões que fazem diferença na vida das pessoas. Parece, contudo, que muitos não querem aceitar a realidade que vivemos. A igreja é chamada a responder a esta sociedade sobre sua fé, doutrina e como ela, de fato, pode ajudar as pessoas que se sentem perdidas neste universo onde as mudanças ocorrem com tanta rapidez. Existem muitas inquietações. À luz da bíblia, o nosso desafio é apresentar a Cristo como resposta para esta sociedade perdida, pois o mundo caminha para o desfecho de sua história e o chamado do Mestre se faz mais intenso nestes últimos dias. Este é um desafio para uma igreja que não parou no tempo, mas sabe fazer a leitura dos sinais dos tempos e, a partir desta leitura, busca respostas na Palavra de Deus que apontem soluções para os desafios atuais.

 

Pr. Jorge Oliveira do Nascimento.

 

 

 

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