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Sem sombra de dúvidas, o evento central do Cristianismo é a cruz. A Bíblia nos mostra este evento como o mais importante de todos. A morte de Jesus é central nas Escrituras. Aliás, até mesmo a história secular é dividida entre antes e depois dela. Antes da cruz havia somente trevas no futuro da humanidade mas, depois dela, uma nova era de luz raiou no horizonte nebuloso da humanidade, trazendo esperança ao mundo perdido. Ainda assim, a cruz nunca foi bem vista pelo mundo. E o que é pior: às vezes, nem mesmo pelos cristãos.

O que nos entristece é que, ainda hoje, ela é uma mensagem tímidamente pregada pelas igrejas evangélicas em nosso país. As igrejas brasileiras estão mais preocupadas em agradar as pessoas oferecendo prosperidade instântanea, milagres sob encomenda e bençãos à baixo custo. A mensagem que se encontra escassa nos púlpitos das igrejas em nossos dias tranbordava nos lábios e na pena dos escritores neotestamentários. A morte de Jesus é o tema central do Novo Testamento. Também, pudera! Por meio dela fomos graciosamente aproximadosde Deus. Numa linguagem teológica esta aproximação recebe o nome de reconciliação. Isso porque a reconciliação nada mais é do que a aproximação feita por Jesus entre Deus e os homens. A cruz funciona com um imã atraindo e aproximando os pecadores a Deus. Reconciliar é estabelecer a paz em um relacionamento conflituoso. E foi justamente isso que aconteceu. No Calvário, Jesus pacificou o relacionamento entre Deus e os homens, sofrendo em nosso lugar o castigo pelo pecado. Na cruz, “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões…” (II Cor 5.19).

No madeiro Jesus escancarou a porta dos céus. Agora, por meio dEle, qualquer pessoa, pela fé, tem acesso livre ao trono da graça. Não é preciso mais de intermediadores, santos, apóstolos, bispos ou pastores superpoderosos. Nos tornamos próximos de Deus pela cruz de Cristo. A cruz é a escada pela qual Jesus nos faz subir aos céus. No Calvário, quando o último fôlego de vida escapou por suas narinas, naquele dia sangrento, o véu do templo se rasgou do alto a baixo, indicando, assim, que um novo caminho a Deus havia sido aberto pela cruz do nosso Senhor. Diante disso, somos convocados a resgatar a gloriosa mensagem da cruz. É preciso que ela torne-se novamente o centro de nossa fé e de nossa mensagem. É urgentemente necessário que aconteça conosco o mesmo que aconteceu com Martyn Lloyd-Jones.

Martyn Lloyd-Jones foi um grande lider cristão que “ocupou uma posição de singularidade na liderança evangélica nas décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial”[1]. Sua vida e ministério sofreram uma drástica mudança desde que se deparou com um tema: a cruz. Intrigado por este tema, ele se entregou à reclusão na tentativa de compreendê-lo. “Porém, ao emergir da reclusão, Lloyd-Jones dizia ter encontrado “o verdadeiro coração do evangelho e o segredo do significado interior da fé cristã”[2]. Ele havia percebido o cerne do Cristianismo. O evento central das Escrituras. A maior demonstração de amor que o mundo jamais viu: a cruz. “De sorte que o conteúdo de sua pregação mudou, e com esta mudança o seu impacto”[3]. Quem dera se a semelhança de Martyn Lloyd-Jones a igreja de hoje se encontrasse com esta verdade suprema! Nossa pregação mudaria, bem como o nosso impacto no mundo. Jesus nos aproximou de Deus pela cruz. Que o mundo saiba disso!

Ao Crucificado seja a Glória!

 



[1]A cruz de Cristo / John Stott: tradução João Batista — São Paulo : Editora Vida, 2006, p. 4.

[2] Idem, p. 5.

 

[3] Idem.

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