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A Igreja é, por definição básica e simples, a reunião daqueles que estão sendo salvos, pela graça de Jesus Cristo, do domínio e da presença do pecado. Assim, a Igreja não é um clube social, no qual pessoas com interesses comuns encontram-se para contar as novidades e compartilhar dificuldades, embora a Igreja seja uma comunidade marcada pela terapia e pelo cuidado mútuo.

Todavia, a Igreja foi instituída pelo Senhor Jesus, e este compartilhou com ela uma tarefa linda e poderosa: fazer discípulos de todas as nações (Mt. 28.19-20). Sabemos que a missão principal da Igreja é adorar a Deus, visto que todo homem foi criado para isso (Is. 43.7). Mas além da adoração, o serviço é uma missão peculiar da Igreja de Cristo. É possível fazer o bem àqueles que precisam e, desta forma, ser luz para o mundo e testemunhar do amor com o qual fomos alcançados por meio do sacrifício do Cordeiro. Veremos, portanto, algumas verdades acerca do serviço social que a Igreja presta ao mundo.

Em primeiro lugar, a Igreja precisa compreender que seu serviço não fará com que a justiça seja plena na terra. Jesus garantiu, em uma resposta a seus discípulos, que os pobres sempre estariam conosco (Mt. 26.11), dando a entender que a justiça social jamais seria plena e equilibrada. Isso fica evidente quando afirma-se que o Reino de Deus é uma realidade presente, conquanto tenha uma esfera futura que só se concretizará plenamente na segunda vinda do Senhor. Entretanto, sabe-se que a tarefa da Igreja é sinalizar a maior densidade possível, aqui e agora, do Reino que já está preparado desde os tempos eternos e que há de vir, no lá e então. Não se pode acreditar que o serviço social prestado ao mundo, quer como comunidade organizada quer como cristãos individuais resolverá e acabará com a miséria, fome, injustiças e coisas afim. Sabemos, como Corpo de Jesus, que a plenitude de paz e alegria será vivida no Reino Futuro do Messias, que está avançando sobre a Terra por meio da proclamação e das ações do Povo de Deus no mundo.

Em segundo lugar, a Igreja precisa entender que a prioridade no serviço social são os cristãos membros da Igreja local. O apóstolo Paulo aplica este princípio quando escreve aos Gálatas: “Então, enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.” (Gl. 6.10). Não faz sentido a Igreja servir a toda a comunidade que lhe circunda, à cidade na qual está inserida, o Estado, o país ou qualquer outra esfera de atuação se ainda há cristãos necessitados em seu seio. A Igreja, como uma comunidade local precisa servir primariamente aos cristãos, a fim de que estes tenham reais condições de dignidade, sobrevivência e, posteriormente, serviço a outros cristãos e não cristãos. Na prática, isso implica em dizer que se algum não cristão solicitar algum serviço à Igreja local que ela não deva prestá-lo. Ao contrário, deve sim, mas desde que seus membros estejam bem e sem nenhuma grande necessidade. Portanto, antes de prestar qualquer tipo de serviço social aos não cristãos a Igreja de Jesus precisa certificar-se de que nenhum de seus membros necessita daquele mesmo apoio, servindo-o da melhor forma possível sempre que se fizer necessário.

Além disso, o serviço social da Igreja jamais deverá ser visto como uma forma de alcançar a graça de Deus. O texto clássico de Efésios 2 nos diz que: “[…] pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.” (Ef. 2.8-9). A salvação é um processo divino e ocorre nos homens apenas e unicamente por sua graça, do inicio ao fim do processo. Portanto, não há nada que a Igreja possa fazer ao mundo – e nem a Deus – para que Ele a ame mais e não há nada que ela deixe de fazer que o faça amá-la menos. O amor já foi demonstrado em ato sacrificial quando o Cristo morreu em lugar dos pecadores, para dá-los vida eterna (Jo. 3.16). a Igreja deve entender suas obras assistenciais como uma consequência da salvação e não requisito para seu alcance. A comunidade do Senhor o ama tanto que demonstra seu amor pelos pequeninos dEle, como se estivesse servindo ao próprio Senhor. (Mt. 25.40).

Por fim, entendendo que parte de sua missão é servir ao mundo e que, neste serviço, a justiça não será plena, os domésticos da fé precisam ser sanados e que tais obras não produzem salvação, certamente a Igreja de Jesus Cristo cumprirá mais fielmente a missão, anunciando, com palavras e atitudes, o Evangelho todo para o Homem todo, de todos os lugares e em todos os momentos.

 ERIC DE MOURA 

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